sexta-feira, 19 de julho de 2013

Mosquitos


Venho falar de mosquitos.
Apenas. Não de moscas, não de melgas, não de formigas, não de aranhas nem de aranhiços.
De mosquitos. Apenas.
O realce que lhes concedo é diretamente proporcional à fobia, ao horror, ao ódio de estimação que lhes  dedico. Não por acaso, como explicarei.
Trata-se de um caso de amor não correspondido que, como todos os casos de amor não correspondido se transforma em pesadelo em obsessão fatal, como no filme. Os mosquitos amam-me, idolatram-me, insistentes, assediam-me, na mesma medida em que eu os enxoto, me esquivo, me escondo, me resguardo. Em vão.
O amante não correspondido insistente, inclemente, persegue, tornando-se, infalivelmente, predador, acossador perigoso que, face a barreiras e obstáculos, aguça o engenho, em sofisticadas manobras persecutórias, porque "ama", na sua forma torta de amar.
Assim são os mosquitos.
Eu cubro-me, tapo-me, besunto-me de repelente, perfumo-me com infalíveis loções protetoras.
Em vão.
O assediador(a) não desiste. Cria anticorpos face aos repelentes, descobre atalhos impensáveis para a minha pele.
O amante rejeitado , focaliza, diabólico, os sentidos no alvo, um único alvo a perseguir.
Assim também os mosquitos.
Estamos em grupo, homens e mulheres, braços ao léu, pernas nuas, pele oferecida, manjares gratuitos.
Pois bem, o que fazem os mosquitos? Atacam-me a mim, só a mim, unicamente a mim que assim fui promovida pelos amigos e familiares à mais eficaz forma de repelente de mosquitos presente no comércio.
É muito triste.
E muito irritante.
E muito doloroso.
Após a(s) picada(s), uma tumefação vermelha, comixenta, incomodativa, inestética surge, com ar de queimadura e/ou agressão.
Nada a fazer!
Limito-me a odiá-los cada dia mais, com um ódio profundo que cresce a cada investida, a cada zoeira noturna nos meus ouvidos, a cada suspeita paranóica de que "está aqui um mosquito!"
Daí o fechar de janelas esbaforido quando o dia se aproxima do fim, que, dizem os entendidos, é quando, em chusma covarde, os monstros atacam.
Ok! Estou a ficar um bocadinho paranóica ...

Beijo
Nina