terça-feira, 23 de abril de 2013

Estes Romanos são loucos!


Era a frase preferida de Asterix, o herói gaulês, quando se referia ao povo invasor, batido em todas as frentes, dizimado pelos habitantes da pequena aldeia gaulesa.
Retive a frase conclusiva que aplico, quando, estupefacta , me deparo com situações mais que inesperadas, inverosímeis.
Então é assim:
Há anos que frequento o mesmo cabeleireiro, pequenino, perto de casa e com lugar para estacionar.
Os preços mais que razoáveis, entram, pois claro, na equação.
A dona do dito é esteticista, chama-se Paula e possui dois salões, desdobrando a sua presença pelos mesmos.
Já se sabe, toda a gente sabe que, "patrão fora, dia santo na loja"!
Não que ela seja uma patroa particularmente impositiva. Pelo contrário... para meu gosto é demasiado camarada! Tratam-se todos por "tu", questionam-se as ordens, etc. Repito, para meu gosto, tal camaradagem só pode fomentar chatice, como fomenta, de facto.
Daí que as cabeleireiras não parem. Ele é um rodopio de caras que ultrapassa todas as conjeturas.
A "minha" Andreia, senhora de uma personalidade forte e completamente desfocada da realidade, voou há meses.
De modos que é assim... nunca sei quem me vai pentear, nunca. 
A Paula, parece preservar fervorosamente o fator surpresa. Quando se espera encontrar a Cristina a quem já comecei a afeiçoar-me, sai-me uma Fernanda que nunca vi nos dias da vida.
Pronto, é emocionante. E nem é grave, tendo em consideração que não pretendo ser operada ao cérebro. Quero apenas que me lavem e sequem o cabelo.
Mas, já se sabe, quando começo a afeiçoar-me à criatura, descobrindo nela talentos irresistíveis, puxam-me o tapete e apresentam-me uma nova artista.
Não é grave. É apenas chato.

Pois bem, para além da cabeleireira, circula uma manicure, a criatura mais trombuda, mais desfocada que se pode conceber.
Nunca me arranjou as unhas:
1º Porque não gosto dela;
2º Porque embirro com ela;
3º Porque não tenho paciência para aqueles humores de diva;
4º Porque lhe tenho medo, vendo-a de alicate em punho.

Então, a trombuda da manicure é a porta voz da dona do salão. Uma porta voz execrável. Uma porta voz enlouquecida e enfurecida. Uma porta voz que dá as respostas mais tortas, mais inopinadas que se pode imaginar. Como me deu , na semana passada.
Que a Fernanda só chegava às 4 horas, (eram 3), que não me reservava hora a não ser que eu ficasse no salão ( a olhar para as suas fuças...) durante uma hora.
Sou mansa. Demasiado mansa. Fujo de brigas como o diabo da cruz, mas ele há situações em que me supero.
Pensei:
Esta sujeita é louca! (como o Astérix em relação aos Romanos)!!!!
Meti-me no carro, sem destino. Vagueei pelos arredores. Vi um salão de cabeleireiro. Entrei. No mesmo instante fui atendida. No mesmo instante me foi diagnosticada desidratação na farta cabeleira. Gostei. Gente afável querendo trabalhar e assim ganhar a vida. Gostei imenso.
Hoje voltei.
Fiz a hidratação prescrita.
Fiquei com o cabelo mais sedoso, mais brilhante que imaginar se pode.
Fui tratada com cortesia q.b., que é como trato as pessoas, exigindo reciprocidade.
E assim nos entendemos.
Não espero vénias. Espero, apenas, gente cordata.
Fujo da outra. Gente tóxica, de mal consigo e com a vida.
Logo eu que sou mansa e bem disposta, haveria de aturar tal estropício?
Esta gente deve estar louca!

Beijo
Nina