sábado, 16 de fevereiro de 2013

Lingerie!


A palavra, por si só, tem uma sonoridade, uma musicalidade que a torna deliciosa.
Suspeito que, se cochichasse "lingerie", suave e repetidamente nos ouvidos de um bebé, o adormeceria.
Que a palavra acalmaria fúrias vulcânicas se pronunciada repetidamente, face ao mais primitivo homem das cavernas, insuspeito de conotações eróticas, numa fase em que a vestimenta era mera proteção contra as agruras climáticas.
Há palavras assim...
Palavras que não precisam de referente, palavras de que se gosta pelo estímulo auditivo que provocam.
Pois bem,  eu não escapo ao seu poder encantatório!
LIN-GE-R(R)IE!!!
Ainda mais bonito, se o "R" se arrasta numa fuga afrancesada!
Só que para mim, o som não se limita a inocentemente me embalar. Não! Gosto mesmo do referente, aquelas coisas bonitas para uso íntimo.
Só a própria sabe o que traz junto à pele e só isso basta para que a auto estima saia beneficiada.
Não tencionava discorrer, filosoficamente sobre o assunto. Era o que faltava! Não! A intenção era falar da dita neste espaço em que se fala de sapatos, vestidos, casas e o que mais calhar, não considerando o tema, nem de perto nem de longe, proibido.
Voltemos, pois à lingerie.
Vou variando a aquisição, conforme a oferta,  conforme as lojas que visito.
Calhou ver num dos Shoppings da cidade, a loja Intimissimi, esta sim, com uma denominação sugestiva.
Resolvi entrar, uma vez que a exposição na vitrine me agradara.
Olhava, descomprometida, a exposição suspensa junto às paredes, quando, uma voz me interpelou:
-Posso ajudá-la?
- Não, obrigada, só estou a ver!
Dois minutos volvidos, a mesma voz  cuja dona me seguia como se da minha própria sombra se tratasse, repetiu a pergunta. Eu, repeti a resposta.
Acho que a afugentei.
Sim, afugentei ... por pouco, por pouquíssimo tempo.
Caminho livre, outra voz atacou, com a mesma questão.
Percebi que ou saía da loja, ou não me salvaria da ajuda.
Quase vencida, apontei um modelo, referindo um tamanho.
- Vou averiguar se existe em stock! informou-me a diligente funcionária.
Aguardei.
Devidamente informada, aproximou-se com um sorriso vitorioso e volumoso objecto suspenso das mãos.
- Não temos o tamanho que pediu, mas este ( o tal objecto volumoso) faz o mesmo efeito. É só apertar nas costas!
Muda de espanto, retirei-me, aparvalhada.
OK! quem não tem cão caça com gato!
OK! as funcionárias recebem formação para venderem a todo o custo!
OK! recebem comissão por cada venda!
OK! há, até, sugestões razoáveis!
Mas ... mas... o que pensar perante tal atitude?
Fica o aviso:
Se entrarem na Intimissimi vão preparadas para o ataque cerrado, para o assédio implacável e, já agora, para um episódio de Alice no País das Maravilhas.

Beijo
Nina