sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Não é por acaso ...






... Que, tanto no campo da psicologia como da psiquiatria se recorra ao processo de associação de ideias com a finalidade de realizar diagnósticos. Assim, ao "branco" do clínico, o paciente responderá com a palavra que, com a sugerida, estabelece ponte.
Este é, de uma forma grosseira, a estrutura dessa operação mental.
Comprovo-a e confirmo-a todos os dias, a toda a hora. A associação de ideias é um by pass produtivo e um auxiliar de memória fantástico.
Concluída que foi esta "brilhante" introdução "cientifica", passemos aos factos.
Tenho uma amiga querida ( passo a redundância, já que merecendo o título de amiga, é por inerência do título, querida, queridíssima ...), dizia, que adora a cor roxa. Para ela, se todas as cores, por catástrofe sobrenatural, fossem extintas, que se salvasse o adorado roxo.
Falo da Liliane, do blog paulamar.
Pessoalmente, não tenho particular predilecção pela cor, que, por associação de ideias --lá está ela, associação de ideias -- associo à Quaresma, ao Senhor dos Passos e à paixão de Cristo.
Mas isto sou eu, e o que seria do amarelo ...
Em grandes doses, pura e simplesmente, recuso, como quem foge a sete pés de temível overdose. Já em detalhes, em apontamentos, gosto e adiro.
Então, hoje, aqui no bar da FNAC, enquanto tomo o meu expresso matinal, discorri, vá-se lá saber porquê, sobre a controversa cor e pensei em Liliane, minha amiga linda!
É que hoje, vesti-me de preto, optando por rabiscos roxos.


Nos collants!



Na mala.

Esta, transportou-me,de imediato a Sanremo, num processo mágico, no qual, a mala me transporta em vez de ser eu a transportar a mala.
Foi há dois ou três anos. Em Sanremo. Numa feira de rua.
Vi-a e foi amor à primeira vista. É uma cópia do clássico modelo Kelly, com direito a um autocolante aristocrático que garante a origem Hermes. ( por favor,não me ataquem por ter comprado contrafacção... Que atire a primeira pedra, quem nunca ...)
Feiras de rua italianas ou mercatto, como dizem os italianos, são deslumbramento para os olhos. Pela oferta, pelas italianas hiper, super, supra chiques, de jeans e ténis, mas, ainda assim hiper, super, supra chiques e a oferta e a oferta e a oferta!
 Este ano vou voltar e só a afirmação do propósito faz bater feliz e ligeiro o meu coração consumista, pecador, fraquinho face à tentação.


O casaco, quase festivo, quase prático, quase patriótico, quase chique, repõe-me em Milão, numa manhã fria de Dezembro, poucos dias antes do Natal.


Havia reservado quarto num hotel da cidade, relativamente afastado do centro, com todas as vantagens e desvantagens que a opção implica.
Uma aparente desvantagem, a distância do coração da cidade, rapidamente provou ser mais-valia:
- Percorrendo, a pé, as ruas que conduziam ao Duomo, descobri a autenticidade da vida dos locais, as lojas onde compravam, os restaurantes onde comiam, os parques por onde passeavam.
E foi assim que me deixei seduzir pelo casaco, exposto na montra de uma lojinha de bairro. Foi, como disse, amor à primeira vista. Pelo colorido, pelo brilhantismo de festa, pelo ar natalício.
Uso-o pouco, em comparação com o muito que dele gosto.
Acho que é o meu íntimo de formiga que me aconselha cautelas e prudências, não vá o tesouro finar-se.

Se não fosse já, tão longo o texto, por aqui me quedaria estabelecendo outra e outra e ainda outra ponte, tão numerosas quanto as minhas memórias.

P.S -- O casaco é de pele sintética!

Beijo
Nina