segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Crochê !


O crochê Também faz parte das atividades de férias, ainda que não se trate de o fazer, mas de o desfazer, que é o que me ocupa de momento.

Acontece que, bem guardado nas profundezas de uma gaveta, jazia este horror:




Uma túnica tamanho XXXL, num amarelo que provoca tonturas e náusea.

Não era previsto que a obra resultasse deste quilate...
Nem pensar, embora a escolha da cor, reconheço, tenha sido arrojada, mas, ainda assim, não era suposto que o resultado fosse este - uma coisa amarela, gema de ovo, onde caibo eu e outra ou outras, igual, ou iguais a mim … e, no entanto, asseguro, segui rigorosamente as instruções, reproduzi uma amostra, contei e recontei os pontos.
Tudo em vão! O horror está aí, em toda a sua plenitude, impossibilitando o uso, a oferta, o empréstimo, o que quer que seja que não seja desfazer tudo.



Sinto-me poderosa, implacável, recolocando ordem no caos!

O que custa é descoser as costuras, porque, feito isto, é quase libertador puxar pela ponta do fio e ver o novelo crescer.
É assim como, suponho, partir louça num momento de irritação, ou descarregar a frustração num saco de pancada, como treinam os pugilistas.
Noutros tempos, não me daria ao trabalho.
Impossibilitada de oferecer esta monstruosidade sem ofender os sentimentos de quem a recebesse, o seu destino seria o caixote do lixo.
Hoje, porém, mais focada no contexto, mais alertada para a reciclagem, divirto-me com esta tarefa.
É quase como o desfazer do bordado de Penélope, que assim adiava uma ligação indesejada.
Os meus motivos são, como já referi, bem mais prosaicos, mas, para mim, valiosos que cheguem para continuar o destrabalho.
O destino que darei a este fio é, para já, indefinido, mas, tenho a certeza que me ocorrerá qualquer coisa.
É só deixá-lo sossegado num canto, que ele próprio ganhará pernas, asas e objetivo.
Depois, vou-me a ele.


Beijo
Nina