terça-feira, 3 de julho de 2012

Verde!


Gosto de verde dentro de casa, mas não em toda a casa. Não aprecio vasos e vasinhos semeados em cada canto, com as folhas empoeiradas e trazendo hóspedes indesejados para o interior.
 Abro uma excepção para as aromáticas que, na janela da cozinha, à mão de semear, se oferecem cheirosas.
As orquídeas, essas rainhas, quando florescem, têm honras de grandes damas e ocupam os lugares de maior destaque.
Repito, são as excepções.
Todas as outras e são muitas, habitam o meu mundo verde, aquele espaço onde paredes, tecto e móveis se vestiram dessa cor.
Aí, com uma temperatura muito propícia e luz abundante, cresce a minha floresta.


A particularidade deste bosque é que, na sua esmagadora maioria, foi obtido por propagação.
Ou a raiz foi dividida dando origem a vários exemplares, como é este caso ...

... ou, a partir de um caule a que cortei um segmento, criei outro ...

...ou  de um caulezinho minúsculo multipliquei e agigantei o exemplar.
Esta begónia linda, veio de França, do jardim de um hotel onde pernoitei.
Não resisti ao seu encanto e cortei uma pontinha que envolvi em algodão molhado, introduzido num saco de plástico. Assim viajou até aqui e ainda não parou de se multiplicar.
Às amigas com dedo verde sempre convido para que levem um galhinho.
Por isso se encontra espalhada por várias residências.

Esta begónia reproduz-se do mesmo modo. Dá um acabamento lindo aos vasos, uma vez que tapa a parte feia, a terra.

Esta veio de Viana. Estava sossegadinha à porta de um restaurante onde almocei. À saída, veio comigo na forma de duas ou três folhas.
Hoje está assim.
No mesmo vaso rebentou outra begónia que tinha dado como morta.
Acho que se sentem bem quando acompanhadas e retribuem assim a delicadeza.

Um detalhe da folha sarapintada, num jogo de muito bom gosto, de verde e prateado.

E a moribunda que resolveu renascer encontra-se pujante, cheia de vida.
Também se reproduz a partir de uma folha.

Estas são filhas de uns tronquinhos sem graça que vieram do Brasil.
Todos os anos sou obrigada a cortar-lhes os topos que batem no tecto e produzem um cacho de flores brancas, tão inebriantes, que quase nos sufocam.

Esta suculenta era uma coisita pálida e doente. Mudei-lhe o vaso e fez-se gente! Está cheia de filhotes prontos a tornar-se independentes.

Outro exemplo de sucesso.
Era uma ervita meio murcha que, por 1 €, trouxe do Lidl. Acho que o preço foi a alternativa ao lixo, seu destino fatal.
Pois assim como chegou, assim espevitou.
Está pronta para outros voos.
No outono será reenvasada pois promete grande porte.

Tudo isto para dizer que não sou fã dos hortos.
Gosto de, a partir de quase nada, ver resultados.
Horroriza-me observar que , no lixo, se despejam plantas, porque sim, porque já não dão flor, porque estão feias.
Se dependessem de mim, os hortos estariam em maus lençóis... Acho que lá, só compraria as irresistíveis orquídeas.
Mesmo falando em flores, prefiro semeá-las do que comprá-las envasadas, com a vantagem acrescida de que, deste modo, o seu preço é incomparavelmente mais baixo.
Gosto de trocar estacas, de oferecer mudas, de (confesso...) me apropriar indevidamente de umas folhinhas.

Como tudo o que nos conduziu à situação económica desastrosa em que nos encontramos, também  a moda tonta de não plantar para colher ( nem que seja só beleza, como é o caso), havia de ser revogada por lei ... ou então deveriam as pessoas pensar no absurdo da situação.

Beijos
Nina