quinta-feira, 31 de maio de 2012

Sou uma rapariga prendada ...


... pois sou!
É engraçado como as pessoas adoram colocar rótulos umas nas outras!

Fui, uma vez, confrontada , por uma colega de trabalho, sobre se conhecia ou não  determinado casal.
A história conta-se rapidamente:
Essa  colega de trabalho, com quem eu mantinha apenas cordiais relações profissionais, tinha jantado com um casal que, a propósito de nada, referira o meu nome, acrescentando que eu lhes oferecera um belo jantar em minha casa.
A  minha colega reteve a informação, mas concluiu que ela não fazia sentido, porque, conhecendo-me, concluira que não só eu não cozinhava, como, fazendo-o, seria absolutamente impossível  fazê-lo bem!
Sem que eu desse conta, agarradinho a mim, tinha já o rótulo de fútil , de incapaz de algo mais que ultrapassasse as idas ao cabeleireiro e tarefas afins.
Quando confirmei a informação, li nos olhos dela a incredulidade que, seguramente, a acompanha até hoje!

Do mesmo modo, tricotar, costurar, bordar e outras tarefas que caíram em desuso, se praticadas em público, atraem olhares de estupefação.
Os mais afoitos não resistem a um:
-És muito prendada!
E dizem-no como se eu tivesse 3 olhos e nenhum cérebro.


Acontece que eu sou crescida, sou muito crescida e não me abalo minimamente.
Até me divirto com as reações que provoco.
Ontem, por exemplo, fui ao cabeleireiro. Toda a gente sabe o que são esses locais. Pressa não existe e há que levar uma boa dose de paciência.
Eu levo o crochê!

A dada altura, uma cliente mais desinibida aproximou-se e informou-se sobre a natureza do trabalho, confessando, que, em tempos, tricotara umas coisinhas.
Como sinal de que as coisas estão a mudar, multiplicam-se os workshops de costura, tricô e outras artes.
Ontem, na televisão, ouvia a mais improvável defensora destes talentos, uma mulher linda, moderna e charmosa, defender que as crianças deveriam obter na escola os rudimentos da costura, como ferramenta para a sua autonomização.
É por essas e por outras que eu sou prendada, isto é, dotada de prendas domésticas, com muito orgulho, muito gosto e uma enorme vontade de continuar a aprender.

Beijos
Nina