quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Reverter o tempo!

Quem disse que não é possível?
Quem disse que não é possível ter, pelo menos a ilusão, que se reverteu o tempo?
É possível, sim!
Para tal, precisamos de alguns cuidados, alguns preparos, alguns vagares.
Podemos começar pelo quarto.
Aí, tratemos de vestir a cama com o branco mais branco, do mais puro algodão.
Se tiver rendas, melhor.
E, se nas almofadas se abraçarem iniciais de um monograma, então o cenário está montado.
Estamos no tempo em que tempo havia para mimar os detalhes.
Vejam!




Branco imaculado.
Entremeio e renda no lençol, repousando sobre manta colorida, fruto de serões caseiros.

Não sei quem teceu esta teia de flores.
Tenho a sorte de os possuir e o talento de os apreciar como merecem.

Perfeito na composição e acabamento.

As almofadas entrelaçam iniciais.
Mandei-as bordar (à máquina) depois de possuir o lençol.
Fi-lo numa lojinha, na Rua de Cedofeita, da qual eram proprietárias duas irmãs, as senhoras mais produzidas que imaginar se possa.
Não eram novas, não eram nada novas, mas eram muito chiques à sua maneira.
Delas recordo umas unhas muito longas, pintadas em cores berrantes.
Nos dedos, vários anéis.
Os cabelos, de uma cor indefinida, revelavam cuidados diários de profissionais.
Eram tão queridas!
Desempenhavam, na perfeição, o papel de grandes damas, cujo trabalho as orgulhava e maçava em igual proporção.
Bordei lá muitos jogos de toalhas de banho, almofadas e guardanapos em que pretendia ver inscritas as minhas iniciais.
Sempre, mas sempre, infalivelmente, perdiam as encomendas.
Era uma trabalheira, um rebuliço de embrulhos e sacos, acompanhado de uma acesa discussão entre as manas que se acusavam mutuamente do extravio do trabalho.
A loja chamava-se CASA DOS PLISSADOS e, infelizmente, desapareceu na voragem da modernização, ou lá o que se queira chamar à destruição sistemática das nossas referências.


Um dos lados da  almofada, exibe um pedaço de entremeio.
Era com um ponto chamado "rolinho", que as manas pregavam as rendas.

Faço um "roulement" permanente dos lençóis.
Gosto mais de uns do que de outros.
Alguns, como este, além de lindos, têm histórias para contar.
E, assim, viajo no tempo!

Beijos
Nina