quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Biarritz

No sul de França, logo depois da fronteira com Espanha, no País Basco, aninha-se Biarritz, uma baía debruada por palácios, testemunhos de ocupações aristocráticas, pousio de reis, refúgio de perseguidos políticos, quando a monarquia governava o sul da Europa.
Visitei-a no final de Julho.


Grande Hotel, um 5 estrelas anacrónico, na majestade das suas linhas e ferrugem das canalizações.
Em nome de uma absoluta honestidade, devo esclarecer que falo de cor.
Nao me hospedei aqui.
Estou vacinada.
Há tempos, fui a Cuba, na que seria a minha, até aqui única, visita à ilha de Fidel.
O Hotel Nacional, o mais conceituado, mais medalhado, mais rico em história, foi a opcao.
Amplos átrios acolhiam os hóspedes.
Escadarias majestosas ligavam os diferentes pisos.
Quartos quilométricos e sumptosos ofereciam as suas avantajadas dimensoes, alcatifados, decorados com veludos, brocados nas janelas e tecidos preciosos por todo o lado.
Tudo envolvido pelo odor bafiento a velho, gritando por recuperacao profunda.
A meio de um duche, com shampo no cabelo, faltou a água!
Tudo tem o seu tempo...
A praia ao entardecer.
 Um areal agora disputado, ao centímetro,  por locais " en vacances",
pescadores amadores, vendedores ambulantes e desocupados em geral.
O intenso aroma de um gigantesco MacDonald anda no ar...

A vista continua a ser linda, mas falta-lhe alguma coisa para ser convincente, para continuar a servir como reduto de ricos que nós, os comuns dos mortais, adoramos espreitar pela nesga da porta mal fechada.
Ou se calhar sobra-lhe algo ... deve ser a multidão!

Outro ex-edífício de luxo.
Um hotel, talvez!
Lembra-me o filme  Shining onde Jack Nicholson reinava em todo o seu esplendor, em toda a sua loucura ...
Quase consigo ouvir a música de orquestra que escapa dos saloes de baile ...

Mas nao! A música que dancava no ar era a de uma qualquer festa basca.
Todos os bascos se vestiam de branco e vermelho, assim , de uma forma democraticamente plebeia, nas mesmas areias antes pisadas por reis e rainhas.

Biarritz permanecia, até aqui, no meu imaginário como uma lenda que, mesmo sem reis, mantinha a majestade.
Agora, tendo sido uma decepção, é o exemplo vivo daquela lei que, a todo o custo, há que respeitar:
Para manter intactos os sonhos, melhor não os testar, como  quando,ainda criancas, noite adentro, esperamos, a chegada do pai Natal.

Beijos,
Nina

P.S. Ressalvo a falta de acentuacao e cedilhas em várias palavras, erro imputável ao estranho teclado que utilizo.