domingo, 29 de maio de 2011

As meninas

Não sei se há uma escrita para mulheres. Esta é uma discussão que já vi acesa, porque, sendo a resposta afirmativa, a ela vinha colado um rótulo de menoridade intelectual que acendia fogueiras de fúria libertária.
A haver, seria depreciativa a classificação.
Não sei responder e estou-me nas tintas para os rótulos.
Acho, aliás, irresistíveis os homens com forte vertentente feminina, não confundindo, por favor, com efeminados.
Aliás, as crianças, meninos ou meninas, não fazem a menor questão de assumir tipos e ambos se lambuzam por um colinho, por atenções e não hesitam em lacrimejar como meio para atingir um fim ou , apenas, como genuína demonstração de que ainda não estão formatados.

Acontece que eu estou apaixonada!
Por uma Mulher!
De 88 anos!
Por um livro!
"As meninas", de Lygia Fagundes Telles.
É literatura feminina?
Continuo a não saber!
É uma caixa de bombons que não consigo fechar, onde não avanço, porque me deleito em cada palavra, cada construção de frase, cada sequência de ideias.
Se um homem poderia tê-lo escrito?
Que me perdõem os homens, mas duvido!

Provada que está que as estruturas cerebrais dos dois sexos divergem, não será desprimor que a obra traga agarrada características do criador.

Só uma mulher diria:

" Sentei na cama. Era cedo para tomar banho. Tombei para trás, abracei o travesseiro e pensei em M.N., a melhor coisa do mundo não é beber água de coco verde e depois mijar no mar, (...), a melhor coisa do mundo é ficar  imaginando que o M.N. vai dizer e fazer quando cair o meu último véu."

Porque só uma mulher concebe o "último véu"

Beijos,
Nina