segunda-feira, 7 de março de 2011

Estou gorda!



Conclui há 3 anos atrás e, como não sou mulher para aceitar quilos a mais como uma inevitabilidade ou mesmo uma maldição, marquei consulta num endocrinologista que uma amiga de uma amiga considerava quase santo, mais, considerava mágico.
Lá fui. O consultório era central, numa área nobre da cidade, num edifício moderno, de linhas arrojadas, que provocou grande polémica aquando da sua conclusão e inauguração. Não é um edifício bonito, tem uma modernidade parola e destoa no contexto onde foi edificado.
Hoje, três anos decorridos, considero premonitória a minha avaliação negativa no momento em que entrei naquele espaço. Os deuses, ou o meu sexto sentido tentavam avisar-me que a incursão podia correr mal.
Aguardando, na sala de espera, a minha vez de ser atendida, constatei que os meus colegas de aventura não eram ícones da estética, não vi jovens modernas com pretensões a altos voos, não. Só vi gente com ar infeliz,que hoje decifro -- tinham fome -- e eu era a mais elegante de todos.
Face ao santo, ou, melhor dizendo, ao mágico, respondi a um carrancudo investigador dos meus hábitos alimentares. Hoje, também acho que ele estava com fome.
Despi-me, descalcei-me, mediu-me, pesou-me e questionou-me:
-Quantos quilos quer perder?
Aí já me sentia intimidada pela figura e respondi monossilabicamente:
-Três!
Senti o seu olhar de desprezo a travessar-me, mas era tarde para recuar e conformei-me a aguentar com dignidade a situação absurda que eu própria criara.
Em silêncio sepulcral, o "santo e/ou mágico" rabiscou 2 páginas que me entregou, dizendo:
- Não posso tirar mais nada! Telefone-me daqui por um mês a dar conta da evolução.
Saí com vida da entrevista macabra e tratei de pôr em prática a prescrição.
Devo esclarecer que não sou comilona, que, por sorte, não me tento com bolos, que não gosto de refrigerantes nem de sumos artificiais e que, até fazer 40 anos, fui uma mulher  mesmo magra.
Feito o esclarecimento, e como não sou de deixar nada pela metade, encarei aquelas duas páginas sarrabiscadas como um compromisso de honra.
Rapidamente perdi os três quilos e o bom humor e a alegria de viver e a paciência ... Recebia diariamente piropos do género:
-Estás doente?
A principio ainda esclarecia, ufana, que não, que estava a perder peso. Porém rapidamente me convenci que estava mais magra,sim, mas também mais feia e muito, mas muito infeliz.
Tão rapidamente como os perdera, recuperei os três quilos, e, só porque não acredito em dietas milagrosas de fome, não ganhei mais peso.


Um snack: 1 iogurte natural, 2 c. sopa de Muesli, 1 c. chá de mel

Sei, de saber de experiência feito, que estas dietas não funcionam, porque ninguém, no seu perfeito juízo quer ser magra à custa de ser infeliz.
O meu peso estabilizou e suponho que isso se deve essencialmente à moderação, à multiplicidade de refeições que me impedem de ter fome ( como 6 refeições por dia, sendo 2 principais-- almoço e jantar -- e as restantes, snacks de fruta e iogurte) e ao exercício físico diário.
Se eu fosse o santo/mágico, lia este texto.
Beijos,
Nina