sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Lãs!

Hoje é o último dia de setembro, mas não parece.
Está calor!
Um calor suspeito, é certo ... abafado, com o céu esborratado de nuvens que podem, muito bem, indiciar borrasca.
Certo, certo é que amanhã começa outubro e por mais disfuncional que esteja o tempo, as temperaturas vão, gradualmente, cair, acompanhando a duração do dia, cada vez mais curto.
Em contrapartida, as noites mais longas e mais frias convidam a aproveitar o conforto da casa.
Sai-se menos, trabalha-se e lê-se mais.
Para quem, como eu, não tem pachorra para noites em frente da televisão, que, garanto, no meu caso, funciona como uma pílula para dormir, é a ocasião perfeita para ocupar as mãos.
Começam a surgir, agora, os primeiros projetos em tricot.

Guardo como tesouros, compras que vou fazendo ao longo do ano para, agora, por em prática.


É o caso destes novelos de lã, lindíssimos, com um toque de seda, que comprei nuns saldos na Alemanha, a muito bom preço.

Mais de  perto, pode observar-se a textura e a mistura de cores verdadeiramente espetacular.

Não sei se terei comprado quantidade suficiente.
Por isso, já tenho um plano B.
Este tom arroxeado para os remates finais...

ou este, o plano C,  em turquesa!
 Daqui vai nascer uma camisola (blusa) curtinha, com gola alta, que tenciono oferecer como presente de natal.
Só lamento que, ao contrário das amigas alemãs e inglesas, não tenha providenciado a tempo e horas, todas as prendas que pretendo oferecer.
Se pudéssemos retirar ao Natal a vertente horrivelmente mercantilista, ficaria, pelo menos para mim, uma festa muito mais verdadeira, muito mais uma festa de Amor.
Para o ano, tenciono organizar-me nesse sentido e pedirei ajuda na forma de ideias, para conseguir essa façanha.
Podíamos até,( quem sabe?), organizar uma espécie de forum virtual com o objetivo de atingir essa meta.


Iniciada tenho esta manta de squares que, forçada pelo calor, tive que abandonar durante o verão.
Por isso caminha devagarinho e, seguramente, não estará pronta em dezembro.

Resolvi ligar os squares com este tom de verde que, por acaso, se encaixa muito bem na decoração do meu quarto.

Os squares são grandes e, por isso, não necessitarei de muitos.
Gostava de rematar a periferia com uma renda e não apenas com um simples ponto baixo ou de caranguejo.
Aceitam-se e agradecem-se sugestões das imensas e talentosíssimas artesãs que passeiam a sua competência e bom gosto na blogosfera.
Antes de terminar, gostaria de deixar uma sugestão a todas as pessoas ainda atormentadas pelo malvado cartaz vermelho que rotula os blogs como perigosos.
São cada vez menos, mas continuo a encontrá-los.
A essas pessoas aconselho uma medida simplicíssima que é retirar da página inicial a lista dos blogs que seguem.
É uma medida temporária, enquanto a situação não se regulariza, muito simples e bem sucedida.

E, então, comecemos a tricotar!

Beijos
Nina

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Gaivotas

Num ritual
outonal,
ocupam a praia
as gaivotas.


Serenas,
seguras,
maduras. 


Alisam penas
pequenas,
dezenas. 


Bebem a luz,
soltam o grito,
impunes,
imunes.


No ouro da areia,
na prata da água,


repetem gestos,
ancestrais gestos,


serenos,
pequenos,
cumprindo o destino.


Beijos,
Nina

Ressaca ...

... é exatamente o que sinto , depois que a tempestade se abateu sobre nós, no último domingo.
A primeira reação foi de pânico puro.
Como sobreviver sem o blog, este espaço, este tempo, estas pessoas que entraram na minha vida?
Se, assim, de repente, sumissem, deixavam um buraco profundo na minha alma.
Depois, sobreveio a confusão e, feita barata tonta, procurava em desespero, juntar os cacos, achar uma saída.
A dada altura, com a alma carregada de dor, conformei-me com a perda.
Depois, aos poucos, depois de descer ao inferno, vi uma estrela.
Tantas mãos se estenderam, tantas!
Obrigada, amigos, pelas sugestões, pelos alvitres, pelas soluções.
Do confronto saí mais forte, que é como sempre se sai, não é?
Mas tão cansada, tão fisicamente debilitada!
Em puro estado de ressaca!

Uma menina, Ila, dona de um blog incrível, http://ilaine-minhacasa.blogspot.com/ , afirmou , na perfeição, genialmente, naturalmente, com toda a simplicidade, o que senti:

Sem o blog, inexisto!

Beijo
Nina

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Rendas ...

de espuma, quando se fala do tempo que entre os dedos se escoa, de açúcar festivo no topo do bolo, de audácias mal contidas, no decote generoso que mostra mais do que esconde, na espuma das ondas que, branca e fria, se desenrola em metros e metros sobre  areia à mercê, silenciosa... rendas que enfeitiçam que cobiçam que atiçam sonhos e proibidas fantasias.
Rendas que seduzem,  encantam, fascinam , que  prendem, libertam, nas asas dos sonhos.
Vejo rendas quando, indistintas, as imagens me assaltam.
Amo rendas, arma de beleza suprema, de manipulação letal ou divina.
Perdida num mundo verde vi rendas, muitas rendas (9/08) que assim se materializaram:

Era uma almofada banal, um pouco gasta!


Sobre o fundo verde do cadeirão, ganhou estatuto!
E já que
era para ficar bem, mais bonito, aqui estão, fiz duas!


Beijos
Nina

terça-feira, 27 de setembro de 2011

O bicho voltou,

através de outros blogs assinalados.
Não sei como resolver a questão e, neste momento, encontro-me na fase de ignorar os avisos e "continuar", simplesmente.
Não acredito que este seja um problema de qualquer blog, mas uma disfunção do sistema que acabará por desaparecer tal como apareceu.
Haja paciência!

Não estou, de modo algum, na disposição de abandonar o blog ou cortar os links com os amigos.

Beijos

Nina

Amigos...





São recentes, conheci-os há 10 anos,quando muito, mas são tão especiais, tão queridos, que parece que nos conhecemos desde sempre.
São brasileiros, do Rio de Janeiro, do Leblon.
Ele é filho de portugueses que emigraram para o Brasil ainda ele era criança.
Relembra, repetidamente a visão da cidade a partir da Baía da Guanabara, quando, de barco, aí chegou.
Diz que, a partir desse momento, jamais deixou de amar o Brasil e que, ainda hoje, falecido o pai há muitos anos, lhe agradece, todos os dias, a decisão que o levou a partir com a família para o outro lado do mundo.
É um homem lindo, de farta cabeleira branca, simpático, muito culto, muito interessante e, todos os anos nos encontramos, aqui ou no Rio.
Ela, uma carioca de gema, é uma doce senhora de olhos azuis e cabelos loiros.
Doce é o adjetivo que melhor a define, com o seu sorriso sereno e a palavra exata no momento próprio.
Fazem excelente companhia e hoje almoçamos juntos.
Estão cá até ao fim de semana próximo, altura em que regressam ao seu "habitat", como dizem.
Vêm da Grécia que percorreram durante 15 dias, e só nos reencontraremos, possivelmente, no Rio, que me ensinaram a percorrer, a conhecer em profundidade, como só os cariocas  conhecem.
Com eles descobri restaurantes, bares, salas de espetáculo, teatros, lojas, o Saara e muito mais ...
Com eles aprendi a amar o Rio de tal forma que esta é, de facto, a Cidade Maravilhosa, onde SEMPRE me apetece regressar.
Obrigada amigos!
Já estou com saudades.

Beijos,
Nina

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Ervas aromáticas

Investi , principalmente, em ervas aromáticas, nesta incursão pela feira.
Considero a sua presença indispensável, mesmo no mais simples dos pratinhos, tornando-os únicos em sabor e odor, com a vantagem acrescida, que permitem a diminuição drástica do uso do sal, que tão prejudicial é para a saúde.


Num vaso de tamanho médio, plantei, replantei os perfumados coentros.
São muito pouco exigentes, mas, no que há rega diz respeito, não toleram distrações e o solo tem que estar sempre húmido, embora não empapado.

A hortelã vive numa floreira de reduzidas dimensões que, durante o verão, serviu de abrigo a amores-perfeitos.
Bastam umas folhinhas para transformar uma banal sopa num inebriante manjar perfumado, já para não mencionar os refrescantes Mojitos ou aconchegantes chás digestivos.

As folhinhas de basílico são indispensáveis nos molhos que envolvem as pastas.
Um vasinho de dimensão média é suficiente para criar um pujante pé.

Nada como uns galhinhos de rosmaninho para temperar assados.
Ganham alma nova se esta ervinha os aconchega.
É muito pouco exigente e, ao contrário das anteriores, suporta melhor a falta de rega.

Três pés de alface, ainda bebés, adaptam-se à nova casa.
Aqui cresceram flores.
Agora, espero que a folhagem verde nos encante a vista e adoce o paladar
São pimentos, senhor!
Muitos, pequeninos, médios alguns ,mais grandinhos outros, ainda uma promessa em flor, uns poucos.
Precisam de espaço, um vaso grande com boa drenagem, exposição solares e tutores para os ramos mais carregados.
Para já, deslumbram-me!
Vê-los assim verdinhos, brilhantes , reluzentes, apaziguam qualquer aflição.
Com eles, confesso, falo!

Olha aqui as florzinhas!
São promessas vivas de frutos!

Agora, há apenas que, atenta, muito atenta, esperar.

Beijos,
Nina


domingo, 25 de setembro de 2011

Foi um filme de terror...

... daqueles que cortam a respiração, que torcem e retorcem as entranhas quando, à mercê de um poder tão maior que nós,  apenas resta o desalento, a entrega, a desistência.

Foi assim:
Pela manhã, abri o correio, publiquei comentários e, enquanto decorria a caminhada de todos os dias, deleneei a mensagem a postar.

À tarde, livre de solicitações, preparada para a entrega ao prazer imenso que é dar-me, dar o que penso, o que vi , o que me impressionou, o que me parece ser digno de compartilhar, confrontei-me com o monstro:

-Um cartaz vermelho, ocupando todo o ecrã, avisando da existência de um problema, transmitido por outro blog , que poderia permitir a entrada de Hackers e que tornava o meu espaço um território perigoso!

Ouvira pela primeira e única vez a designação "Hacker" quando li a trilogia do Millenium e, mesmo então, na minha santa ignorância, condescendi na hipótese de que tal  sinistra figura pertencesse apenas  ao mundo  da ficção.
Mais tarde fui esclarecida que pérfidas personagens, mestres da informática, têm, efetivamente, capacidade para se infiltrarem nos nossos domínios, com intenções reprováveis.

Pedi ajuda ... tinha que pedir, mas ninguém conseguiu resolver o problema.
O blog apontado como responsável pela possibilidade de me ter contaminado já foi, em tempos, no início desta aventura, muito visitado por mim.
 Aos poucos, porém, dada a pequena reciprocidade que a dona desse blog me concedia, a distância foi aumentado e, seguramente, que há várias semanas que não comento qualquer postagem.
Esse blog, por inércia da minha parte, continuava, contudo, presente no painel dos blogs que visito e que avisam sobre novas mensagens.

Há minutos atrás, numa derradeira e desesperada tentativa para resolver o horror, retirei o dito blog do meu painel, desfazendo, assim, o link existente e, como que por milagre, desapareceu a visão do inferno, vermelha, ardente, dolorosa, que ocupava, comia e destruía o meu plácido espaço verde.

O meu alívio foi equivalente ao horror de horas de verdadeiro desespero.
Não chorei, mas o nó na garganta sufocava-me.
Não imaginava que este espacinho, estrada de dois sentidos, que percorro, corro, divago, encontro e abraço, rio e gargalho, que abre portas de vidas, pontes que cruzo, avanço e recuo, fosse isto, uma parte tão doce da minha vida.


Dos amigos entendidos que consultei durante uma tarde passada ao telefone, recebi um inquestionável conselho, que compartilho:

Nunca, em caso algum, importar o que quer que seja de outros blogs, incluindo-se nesse número, os doces e queridos selinhos.
São, repito, um risco a não correr.

Aos que me visitaram e chocaram com o horror vermelho, peço  que esqueçam, que foi um susto, que eu estou aqui e não vou a lado nenhum e que não represento a mais ínfima ameaça para quem quer que seja.

Oxalá não sejam nunca vítimas de tal experiência.

Só quero esquecer.

Beijo, beijo, beijo ...
Nina

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Tudo a postos!


Tudo limpo e organizado, o meu terraço está pronto para acolher a nova sementeira.
Ainda não sei o que será, mas não interessa, será apaparicado com carinho e retribuirá em fartura, que é o que se espera das plantações.
Tudo depende da oferta que, amanhã, encontrar na feira, "tudo o que vier eu topo/ tudo o que vier, vem bem..."(ai!, ai! )

É outono, mas a tarde presenteou-nos com um céu azul, transparente,  limpo de nuvens.

Ao abrigo desta parede que protege do vento norte, desconfio que estas floreiras receberão, agradecidas, mudinhas de alface, ou couve, ou brócolos, ou...

O imponente ficus, que para aqui veio com um palmo de altura, mede agora cerca de  3 metros, tendo ultrapassado já o telhado, indiferente ao exíguo tamanho do vaso onde se instala.
Ao lado um limoeiro.
 Em cada ramo, aninham-se 3 ou 4 projetos de limão, que dentro de pouco tempo irão perfumar caldos de peixe, coroar frituras louras, aromatizar bolos e bolinhos para as tardes frias de chá fumegante.
Uma estaca de kiwi enrosca-se altiva no seu apoio.
É e será celibatária, estéril, procurando , com desespero, par para acasalamento, sem o qual não se reproduz.
Há, portanto, que providenciar o casório.
Eu, juro, não sou de falar com as plantas, mas que elas  pressentem o meu amor, não duvido e respondem assim, descomunais e despropositadas, numa ânsia dengosa de me agradarem.

Beijos,
Nina

Hoje é dia de festa ...








Tendo acabado de ultrapassar a barreira dos 300 seguidores, venho agradecer a todos o carinho e o apoio que tenho recebido e me tem ajudado a encarar com imenso prazer e profunda alegria, esta atividade a que dedico parte do meu dia.
Se proporciono algum prazer a quem me lê, tenho, em troca, recebido ensinamentos, exemplos de vida, manifestação de talentos, que nunca supus, por este meio alcançar.
Tenho-me emocionado, tenho sorrido e gargalhado, ganhei amigos que se não aparecem eu sinto a falta e finalmente, até me tornei madrinha de um bebezinho que aí vem!
Quem diria?
Em 7 meses ganhei tudo isto!
Que este caminho continue a ser uma estrada de dois sentidos, que percorramos juntos, sem nos perdermos de vista, agora que nos encontramos.


Aproveito a ocasião para mostrar três selinhos que me ofereceram.
Eu sei que são uns miminhos virtuais, mas representam carinho, simbolizam o desejo de estreitar laços, de cimentar relações.
Por isso são importantes!


Este selindo foi-me enviado pelas queridas Cris e Nai, do  blog  Nossos Xodós,  cujo espaço recomendo

Selo Esse blogue é um sonho!

Da Caminhante, recebi estes dois miminhos, que, igualmente, agradeço.


Beijos,
Nina

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Outono

Oficialmente, chegou hoje o outono, aqui, no hemisfério norte.
Para quem, como eu, vive perto do mar, foi uma chegada  pálida, enevoada, com um espesso manto de nevoeiro.
Como não chove (ainda...) há que aproveitar a tarde continuando com as tarefas de jardinagem que se impõem.
Tanto ramo para cortar, tanta erva daninha para arrancar, tanta planta morta para desalojar .
Foram montes, sacos enormes de lixo que se encheram durante a tarde.
Arranhões avermelhados, riscam os meus braços, porque os limoeiros e as roseiras fazem jus ao aforismo das rosas e dos espinhos.
O meu lindo e viçoso terraço apresentava este aspeto desolador.
É um ciclo mais que se encerra.


Por detrás do regador azul, o vaso etiquetado recebeu um saco de bolbos de íris que desabrocharão lá par o início da primavera.

Nestas floreiras cresceram e multiplicaram-se os tomates.
Foram quilos e quilos, brilhantes, gordos, deliciosos.
Agora, estão assim!

Só a figueira insiste ,ainda em oferecer, todos os dias, figos doces e maduros.
A tarefa seguinte consiste em acrescentar terra e adubo, já que os existentes se encontram exauridos de nutrientes.
Depois, há que observar a oferta na feira e, de acordo com ela, fazer as culturas possíveis, porque "terra à vista" só para marinheiros, nunca nos meus domínios.

É, realmente, não vale a pena dourar a pílula, uma tarefa muito cansativa, que, felizmente, pouca manutenção exige, dada a dimensão exígua das minhas plantações.

As varandas são o passo seguinte e aí, com ervas  aromáticas, junto o útil ao muito agradável.

Beijos,
Nina

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

A caverna de Ali-Babá e os 40 ladrões


A história de Ali-Babá e os 40 ladrões, ouvida, lida e repetida deixou marcas no meu imaginário.
Aquela caverna, tapada a entrada com um rocha colossal,  que só se abria à voz de comando de um "Abre-te Sésamo!", quando criança, paralisava-me de espanto.
A seguir, a visão de tesouros acumulados em sacos, arcas transbordantes, relampejando faíscas de ouro e gemas raras, preenchia os meus delírios de fantasia.
Confesso que, ainda hoje, nos meus mais loucos devaneios, imagino, passeando descalça pela areia da praia,   que os meus pés nus calcam, ao acaso,  uma preciosidade, uma jóia ou,( quem sabe? ), batem  mesmo numa garrafa depositária do mapa de um tesouro.
Se estiver num dia de sorte, nada me impedirá, até,  de tropeçar no báu enterrado por piratas, contendo preciosidades incalculáveis.
Isto porque, lá no fundo, há um lado de criança que nunca cresce, diria mesmo, que se recusa a crescer no mais pintado dos doutores-arquitetos-engenheiros do planeta.

Repito, sofro do síndrome do Ali-Babá e, enquanto não encontro a caverna que se abre com um " ABRE-TE SÉSAMO!" , vou-me consolando com uns achados preciosos e imperdíveis.

Assim, descobri há anos, em França, uma cadeia de lojas representada na maior parte das suas cidades, com o prosaico nome de CASAS DO MUNDO.



Sendo o que o nome indica, dentro delas encontramos fascinantes mundos.
Perco-me por lá, como quem se perde num museu observando  obras de arte.
O facto de, frequentemente viajar de carro, permite-me volumes e pesos de compras incompatíveis com o avião.


De lá, concretamente, de Paris, vierem estas absolutamente deslumbrantes e decadentes flutes, que transformam o mais   manhoso espumante , no champagne mais exótico e inacessível.
Medem 30 centímetros.
São imponentes.
Comprei 12, mas uma já se partiu.
Qualquer reunião de amigos ascende a um nível de sofisticação incrível, ainda que nelas se beba refrigerante.
Por momentos, somos reis.
Não sei precisar o preço, mas garanto que era perfeitamente acessível.

Em Agosto último, o meu olhar incidiu sobre três peças em gesso, com um ar inacabado, uma patine de antigo, irresistível, e, como sempre acontece, optei por ficar escrava delas.
Comprei-as.
Lindas!
Pesadíssimas!
E, irresistivelmente acessíveis.
Tinham, à sua espera, o local certo na minha casa de banho.

Um dos nichos de uma casa de banho ficou assim... um SPA!


O vaso com a orquídea que ontem postei, veio de Besançon.
Pesadissimo, mas tão lindo, que, pobre de mim, não resisti!

Um anjinho tocando violino, rechonchudo, precioso, observa o duche!

O busto de uma grande dama, completa o conjunto.

Não resisti, voltei a fotografar, agora bem, a minha orquídea fabulosa.

Quando voltar a França, voltarei a perder-me nas Maisons du Monde.


Beijos,
Nina

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Orquídeas

Se eu vivesse num país tropical, uma das inúmeras vantagens de que usufruiria está, intimamente, ligada com esta planta que tanto amo.
Nos trópicos, as orquídeas desenvolvem-se ao Deus dará, quase parasitando outras variedades de plantas, exigindo nada, em troca de uma assombrosa beleza.
Mas não!
O meu país de clima temperado não é, de modo algum, tão pródigo.
As orquídeas compram-se, desenvolvem-se com cuidados mínimos, no interior das nossas casas, mas exigindo paciência e mimos.
Tenho muitas e, todos os anos florescem, de nove em nove meses, o tempo de uma gestação.
Decorridas algumas estações, quedam-se pela folhagem e por umas raízes loucas, esgroviadas, que saltam do vaso  procurando, provavelmente, alimentação apropriada.
É, então, tempo de agir.

Existe à venda, nos hortos, um composto (substrato) para orquídeas, que não contem terra, apenas cascas de árvore e outras partículas que não identifico.
Há que aplicá-lo nas plantas famintas.


Nesta taça, sem orífício de escoamento para a rega excessiva, coloquei, no fundo, uma generosa quantidade de cascalho, que facilita a drenagem e impede que as raízes se afoguem ... sempre ouvi dizer que as orquídeas não sobrevivem com os pés molhados.
Seguidamente, espalhei uma camada de de composto e, sobre ele, três plantinhas que exigiam cuidados.
Completei com mais uma porção de composto, que pressionei e reguei moderamente..
Fiz a minha parte e  fico, agora, à espera, que as orquídeas façam a delas.

No horto, vi esta beleza e não resisti.
Parecem duas, graças ao reflexo do espelho.
Repeti o processo de envasamento anteriormente descrito.


Tentando remediar a injustiça ( e incompetência ...) da foto anterior desfocada, mostro um grande plano desta deslumbrante maravilha.

E continuo com a jardinagem ...

Beijos,
Nina

sábado, 17 de setembro de 2011

Carlos Drummond de Andrade


    Como é fim de semana,deliciem-se com este genial sentido de observação:
    A bunda, que engraçada
Ilustração de Milton DacostaA bunda, que engraçada.
Está sempre sorrindo, nunca é trágica.

Não lhe importa o que vai
pela frente do corpo. A bunda basta-se.
Existe algo mais? Talvez os seios.
Ora - murmura a bunda - esses garotos
ainda lhes falta muito que estudar.

A bunda são duas luas gêmeas
em rotundo meneio. Anda por si
na cadência mimosa, no milagre
de ser duas em uma, plenamente.

A bunda se diverte
por conta própria. E ama.
Na cama agita-se. Montanhas
avolumam-se, descem. Ondas batendo
numa praia infinita.

Lá vai sorrindo a bunda. Vai feliz
na carícia de ser e balançar
Esferas harmoniosas sobre o caos.

A bunda é a bunda
redunda.


Carlos Drummond de Andrade © Graña Drummond

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Cores


No outono, as cores adoçam-se e aquecem.
A natureza comprova-o.
O céu pode continuar azul, mas deixa de ser faiscante, como em pleno verão, quando cega com  um azul tão intenso que magoa, acordando o brilho das lágrimas a quem insiste em o fitar, olhos nos olhos.

O sol, esse, tem fulgores de relâmpago inclemente.
É bom, mas é demais.
As cores, desfilam simples,  simplórias,sem sofisticação, violentas, primárias.

Já no outono, é outra coisa ...
O requinte das misturas, de pigmentos sobrepostos, resulta no inesperado, no inebriante cenário de mestre.
Como este por do sol, em que os limites se esbatem, a linha do horizonte se dilui e a continuidade  mar, firmamento, não se define.
É muito lindo!


O mar ganha, então, nesta hora, neste preciso momento, um tom indefinido, um azul petróleo misterioso, antes de mergulhar na absoluta escuridão.

As cores da moda deste outono, seguem esta paleta.
Tudo muito ténue, muito indefinido, muito difícil de rotular.
Ao mesmo tempo, muito forte, assertivo, sem hesitações.
Os criadores limitaram-se a olhar em redor, no último outono, quando tudo foi decidido, e  seguiram as linhas mestras da natureza.
Sem desvios nem invenções criativas.

O resultado é maravilhoso!

Da Marie France (sempre ela...). bebemos com reverência os ensinamentos:
Tons ocre roubados à terra e aos ramos das árvores que começam a despir-se;
Bordeaux, das folhas que assim se tingem antes de cairem e do vinho novo, recém produzido, sugado das uvas  esmagadas.
Uns toques de verde profundo, que, aqui e ali, ainda persiste e o traço incontornável do azul petróleo, no cinto e no padrão da bolsa.
Lindo!

Incontornável esta combinação:
Azul petróleo no casaco de uma pele que adivinhamos com toque de seda, casando  com calças bordeaux.
O chapéu (maravilhoso!!! ), numa irreverência genial, escorrega para o roxo.
Divino!

Azul profundo, quase noite, brinca com o terracota.
Os sapatos, adotam a mesma gama de tonalidades, que se completam nos collants opacos.
As unhas obedecem à tendência e tingem-se de azul noite.
O foullard completa o look impecável, poético, outonal.

Acho as propostas deste outono irresistíveis.
Femininas!
Sedutoras!
Requintadas!
Luxuosas!

Será para nos esquecermos da crise?
Pode ser...
Quem gosta de si e se sente bem, ganha poder, fica mais feliz!
Vamos comprar umas coisinhas?

Beijos,
Nina